segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O CORTIÇO

O CORTIÇO, DE ALUÍSIO DE AZEVEDO
O Cortiço foi publicado em 1890, em meio à atividade febril de produção literária a que Aluísio Azevedo se viu obrigado, em seu projeto de profissionalizar-se como escritor. Teve de escrever muitos romances e contos para atender a pedidos de editores, que procuravam corresponder ao gosto do público leitor, um gosto marcado pelo pior tipo de romantismo. Por isso, produziu muita literatura inferior, baixamente romântica, estilisticamente descuidada. Mas O Cortiço tem situação inteiramente à parte nessa produção numerosa e quase toda sem importância, pois neste livro Aluísio pôs em prática os princípios naturalistas, em que acreditava, e toda a sua capacidade artística.

Narrado em 3ª pessoa, a obra tem um narrador onisciente que se situa fora do mundo narrado e/ou descrito. Há um total distanciamento entre o narrador e o mundo ficcional. Há o predomínio na narrativa do discurso indireto livre, o que permite ao autor revelar o pensamento das personagens. A visão do narrador é fatalista pois as camadas populares são vistas como animais condenados ao meio social que habitam, homens fadados a viverem como animais selvagens.

O cenário é descrito com ambiente e os caracteres em toda a sua sujeira, podridão e promiscuidade, com uma intenção crítica - mostrar a miséria do proletariado urbano - sem esconder a náusea que o narrador sente diante da realidade que revela, mas posicionando-se de maneira solidária junto ao povo do cortiço: "Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras ...o prazer animal de existir,... E naquela terra, ...naquela umidade quente e lodosa, começou a minhoca a esfervilhar, a crescer,... uma coisa viva, uma geração que parecia espontânea,... multiplicar-se como larvas no esterco."

Romance de cunho social, O Cortiço, de Aluísio Azevedo, é o marco da literatura realista-naturalista brasileira. Uma história envolvente e sombria de uma habitação coletiva no Rio de Janeiro do Segundo Império que tem como tema a ambição e a exploração do homem pelo próprio homem. De um lado, João Romão, que aspira à riqueza, e Miranda, já rico, que aspira à nobreza. Do outro lado, a "gentalha", caracterizada como um conjunto de animais, movidos pelo instinto e pela fome. Todas as existências se entrelaçam e repercutem umas nas outras. O cortiço é o núcleo gerador de tudo e foi feito à imagem de seu proprietário, cresce, se desenvolve e se transforma com João Romão.

No século XIX, os cortiços eram galpões de madeira habitados por trabalhadores não-qualificados. Esses galpões eram subdivididos internamente. O proprietário era geralmente português, dono de armazém próximo. Mas havia outros interessados: o Conde D'Eu, marido da princesa Isabel, foi dono de um imenso cortiço, o "Cabeça-de-porco", onde viviam mais de 4 mil pessoas.

O romance é de nítido recorte sociológico, representando as relações entre o elemento português, que explora o Brasil em sua ânsia de enriquecimento, e o elemento brasileiro,apresentado como inferior e vilmente explorado pelo português. A obra revela a aceitação de idéias filosóficas e científicas do tempo: a redução das criaturas ao nível animal (zoomorfismo) é característica do Naturalismo e revela a influência das teorias da Biologia do século XIX (darwinismo, lamarquismo) e o Determinismo (raça, meio, momento).

O sexo é, em O Cortiço, força mais degradante que a ambição e a cobiça. A supervalorização do sexo, típica de determinismo biológico e do naturalismo, conduz Aluísio a focalizar diversas formas de "patologia" sexual: "acanalhamento" das relações matrimoniais, adultério, prostituição, lesbianismo etc.

Na elaboração de O Cortiço, Aluísio Azevedo seguiu, como em Casa de Pensão (que é bastante inferior), a técnica naturalista de Zola. Visitou inúmeras habitações coletivas do Rio; interrogou lavadeiras, sapoeiras, vendedores, cavouqueiros; observou-lhes a linguagem; escutou atento os ruídos coletivos dos cortiços; sentiu-lhes o cheiro (como na obra de Zola, as imagens olfativas têm importância na fixação do ambiente, segundo um processo criado pelos naturalistas); viu-lhes a promiscuidade e notou que as coletividades, apesar de divergirem, são ligadas por um estranho sentimento de classe que as une, nos momentos mais críticos, quando são esquecidos os ódios e as divergências. Com toda essa “documentação”, criou o enredo em tomo de um problema social que se tomava mais e mais grave, com a formação de mandes massas urbanas proletárias, constituídas em boa parte pelos operários dos primórdios da industrialização do país.

Duas grandes qualidades devem ser observadas no estilo de O Cortiço: uma é a grande capacidade de representação visual do autor, certamente relacionada com sua habilidade para o desenho (Aluísio exerceu, em certa época, a atividade de caricaturista) e que faz que tenhamos freqüentemente, ao ler o romance, a impressão de estarmos assistindo a um filme; a outra é a sua formidável habilidade para dar vida à multidão, ao grande grupo humano dos moradores do cortiço. De fato, vemos, no romance, essa coletividade pulsar, reagir, legando-se, deprimindo-se ou irando-se — e ocupando o lugar de personagem central da obra. Desse grupo variado e animado destacam¬se alguns tipos, a que o romancista soube atribuir urna individualidade marcante. Entre estes últimos, é inesquecível a figura de Rita Baiana, a bela, sensual, generosa e graciosa mulata, que se tornou uma das personagens mais notáveis da literatura brasileira. Deve se notar que no romance, as mulheres são reduzidas a três condições: de objeto, usadas e aviltadas pelo homem: Bertoleza e Piedade; de objeto e sujeito, simultaneamente: Rita Baiana; e de sujeito, são as que se independem do homem, prostituindo-se: Leonie e Pombinha.

Veja exemplos de descrição realista e objetiva dos tipo humanos na obra:

João Romão: E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha da pedreira para a venda, da venda hortas e ao capinzal, sempre em mangas de camisa, tamancos, sem meias, olhando para todos os lados, com o seu eterno ar de cobiça apoderando-se, com os olhos, de tudo aquilo de que ele não pode apoderar-se logo com as unhas.

...possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco estopa cheio de palha.

Albino: Fechava a fila das primeiras lavadeiras, o Albino, um sujeito afeminado, fraco, cor de aspargo cozido e com um cabelinho castanho, deslavado e pobre, que lhe caia, numa só linha, até o pescocinho mole e fino.

Botelho: Era um pobre-diabo caminhando para os setenta anos, antipático, cabelo branco, curto e duro como escova, barba e bigode do mesmos teor; muito macilento, com uns óculos redondos que lhe aumentavam o tamanho da pupila e davam-lhe à cara uma expressão de abutre, perfeitamente de acordo com o seu nariz adunco e com a sua boca sem lábios: viam-lhe ainda todos os dentes mas, tão gastos, que pareciam 1imados até ao meio. (...) Atirou-se muito às especulações; durante a guerra do Paraguai ainda ganhara forte, chegando a ser bem rico; mas a roda desandou e, de malogro em malogro, foi-lhe escapando tudo por entre as suas garras de ave de rapina.

ENREDO

O Cortiço conta principalmente duas histórias: a de João Romão e Miranda, dois comerciantes, o primeiro, o avarento dono do cortiço, que vive com uma escrava a qual ele mente liberdade. Com o tempo sua inveja de Miranda, menos rico mas mais fino, com um casamento de fachada, leva-o a querer se casar com sua filha (e tornar-se Barão no futuro, tal qual Miranda se torna no meio da história). Isto faz com que ele se refine e mais tarde tente devolver Bertoleza, a escrava, a seu antigo dono (ela se mata antes de perder a liberdade). A outra história é a de Jerônimo e Rita Baiana, o primeiro, um trabalhador português que é seduzido pela Baiana e vai se abrasileirando. Acaba por abandonar a mulher, pára de pagar a escola da filha e matar o ex-amante de Rita Baiana. No pano de fundo existem várias histórias secundárias, notavelmente as de Pombinha, Leocádia e Machona, assim como a do próprio cortiço, que parece adquirir vida própria como personagem. Vejamos.

A área suburbana do Rio de Janeiro do século XIX é o cenário da história de um esperto e pão-duro comerciante português chamado João Romão. Comprando um pequeno estabelecimento comercial, este consegue se aliar a uma negra escrava fugida de nome Bertoleza, proprietária de uma pequena quitanda. Para agradá-la, falsifica uma carta de alforria que asseguraria à negra a tão desejada liberdade. O pequeno estabelecimento, mantido pela esperteza de João Romão e o trabalho árduo de Bertoleza, começa a crescer. Aos poucos o português começa a construir e alugar pequenas casas, o que leva a edificação de um grande cortiço: a "Estalagem São Romão." Logo se ergueriam novas pendências, como a pedreira (que servia emprego aos moradores) e o armazém (onde os mesmos compravam seus artigos de necessidade). O crescimento só não agrada ao Senhor Miranda, dono de um sobrado vizinho.

Nas casas do cortiço, figuras das mais variadas caracterizações podem ser vistas e apreciadas: entre eles o negro Alexandre, a lavadeira Machona, a moça Pombinha, Jerônimo e Piedade (casal de portugueses), e a sensual Rita Baiana, que desfilava toda a sua sensualidade dançando nas festas. Num desses encontros feitos de música e gritos, Jerônimo se encanta com a dança de Rita Baiana, o que provoca ciúmes em Firmo, amante da moça. Há uma violenta briga, e Firmo fere o jovem português com uma navalha, fugindo logo depois. Jerônimo vai parar num hospital.

Forma-se um novo cortiço perto dali, recebendo o apelido de "Cabeça-de-gato" pelos moradores do cortiço de João Romão. Estes, por sua vez, os apelidam de "Carapicus", o que já indica a competição e a rincha entre eles. Enquanto isso, Jerônimo volta do hospital e, numa emboscada, mata Firmo, agora morador do cortiço rival. Enquanto o jovem português larga a mulher para viver com Rita Baiana, o pessoal do "Cabeça-de-gato" entra em guerra com os moradores do cortiço de João Romão para vingar a morte de Firmo. Um incêndio misterioso acaba com o conflito e destrói grande parte do cortiço do velho comerciante português.

João Romão reconstrói sua estalagem, que fica ainda mais próspera, e se alia a Miranda, com a intenção de freqüentar rodas mais finas e elegantes e se casar com um moça de boa educação. O verdadeiro intento do esperto comerciante é a mão de Zulmira, filha do novo amigo. Concretizando seu sonho, só resta agora se livrar do incômodo de sua companheira Bertoleza. Isso se dá através de uma carta enviada aos proprietários da negra fugida, revelando seu esconderijo. Estes não demoram a aparecer no cortiço com o intuito de levá-la de volta. Bertoleza, percebendo a traição, suicida-se com a mesma faca de limpar peixes que usou a vida inteira para preparar as refeições de João Romão e os clientes do seu armazém.

PERSONAGENS

As personagens em O Cortiço não podem ser tratadas como entidades independentes, podendo ser vistas preferencialmente como partes de uma rede intrincada de influências e interações. Alguns podem ser separados em grupos de forma mais clara em grupos de relacionamento, esquema no qual serão apresentados a seguir.

O cortiço e o sobrado: personagem principal; sofre processo de zoomorfização; é o núcleo gerador de tudo e foi feito à imagem de seu proprietário, cresce, se desenvolve e se transforma com João Romão. Apesar de seu crescimento, desenvolvimento e transformação acompanharem os mesmos estágios na pessoas de João Romão, é, na verdade, o estabelecimento que muda o dono, não o contrário. Vê-se na evolução do cortiço um processo que não se pode evitar ou reverter, determinado desde o início da história, tendo João Romão apenas feito o que estava em seu instinto de homem desprovido de livre-arbítrio fazer. O sobrado representa para o cortiço o mesmo que Miranda representa para Romão, criando-se entre eles a mesma tensão que existe entre os dois homens.

João Romão, Miranda, Bertoleza e secundariamente, Zulmira, Botelho e D.Estela: de acordo com o crítico literário Rui Mourão, os elementos conflitantes na obra "não se isolam em planos equidistantes. Ao contrário, o que existe [...] é um estado de permanente tensão e mútua agressão". Afirma, em outra ocasião, que dessas lutas ninguém sairá vencedor ou vencido. Miranda e João Romão, apesar de aparentarem ser diferentes frente à sociedade, são essencialmente influenciados pelos mesmos elementos, tendo que ter, portanto, o mesmo destino. Seus rumos se tornam entrelaçados similarmente aos laços existentes entre sobrado e cortiço: vizinhos, porém distantes; diferentes, porém iguais sob olhar mais minucioso. Romão e Miranda são complementares. Bertoleza e D.Estela são, sob todas as óticas, o oposto uma da outra: a negra escrava, pobre e fiel, e a mulher branca, nobre e adúltera. Não há relação de complementação nesse caso, apenas uma forma de acentuação do abismo de inveja que une João e Miranda. Enquanto um deseja a independência, a prosperidade e a fidelidade conjugal do outro, o outro almeja os contatos, a nobreza e a capacidade de esbanjamento do um. Zulmira e Botelho têm aqui papéis de meros instrumentos do autor para dar andamento à história.

Jerônimo, Rita, Firmo e Piedade: nas relações entre essas personagens é demonstrado mais claramente o princípio naturalista que rege a obra de Azevedo. Suas interações são baseadas puramente no instinto, no desejo sexual, no ciúme, na ira. Jerônimo e Firmo, são, como Romão e Miranda, complementos um do outro. Um era "a força tranqüila,o pulso de chumbo, em constante tensão com a força nervosa (...) o arrebatamento que tudo desbarata no sobressalto do primeiro instante". Mas, nas palavras de Azevedo, ambos corajosos. O autor deixa claro que nenhum deles pode fugir ao que lhes está destinado. Jerônimo, desde o dia em que viu Rita dançar pela primeira vez, estava fadado à perdição, arrastando Firmo e Piedade para o caminho do ciúme e da destruição a morte, no caso de Firmo, e a miséria e a quase-loucura, no caso de Piedade. A metamorfose de Jerônimo se dá como tentativa de se tornar Firmo antes de tirar o que lhe pertence não só Rita, mas tudo o que ela implicava: a beleza, os encantos da terra, a vida feliz do malandro sem preocupações. Cada um reage mais ou
menos de acordo como suas características pessoais, notoriamente a raça (a submissão da portuguesa e a belicosidade do mulato capoeira), mas se faz presente em todos a conformação, a inércia. Com a morte de Firmo, Jerônimo assimila o papel de seu rival, mantendo um fantasma do que era no passado, que a bebida e a Rita contribuem para esmaecer. Os elementos naturais e as circunstâncias estão sempre a sufocar qualquer manifestação psicológica independente, carregando os personagens numa correnteza inevitável e irreversível.

Pombinha, Leónie e Senhorinha: desde o momento em que é apresentada, a prostituta Leónie, madrinha de uma das filhas de Augusta, representa a independência financeira que aqueles que têm vida honesta não conseguem alcançar. Vende seu corpo, mas o que faz não é crime aos olhos dos moradores do cortiço, que não tem as cínicas restrições sexuais da burguesia brasileira. Pombinha, filha de D.Isabel, era uma garota de 18 anos que ainda não havia se tornado mulher. Após anos esperando o momento de se casar, irá se separar do marido após pouco tempo para seguir num relacionamento homossexual com Leónie, que havia lhe iniciado no prazer sexual. Ao atiçar a sexualidade de Pombinha, fazendo com que ela atinja a puberdade, Leónie põe em funcionamento uma dinâmica de acontecimentos que passam a independer da vontade dos personagens. Pombinha possuía um desenvolvimento intelectual maior que a maioria dos personagens do cortiço, talvez por não se ter visto envolvida tão cedo nas tramas de sexo e ciúme que os consumiam. Ao ter que começar uma vida como mulher casada, não
conseguiu se adaptar à falta de liberdade e foi viver com Leónie, aprendendo seu ofício. Ironicamente, a comercialização do sexo protagonizada por Leónie e Pombinha se contrapõe à vulgarização do sexo pelos moradores do Cortiço enquanto esses são escravos de seus impulsos, Leónie e Pombinha se tornam mais senhoras de si através do desejo alheio. Nesse quadro, Senhorinha, a filha de Jerônimo se insere para provar que ninguém foge ao meio: tendo sido criada num cortiço, substituindo Pombinha para seus moradores, com os pais separados e vendo homens tirar proveito da mãe de forma constante, termina tendo o mesmo destino de Pombinha, apesar da educação que teve.

Alguns personagens secundários, usados por Azevedo principalmente como objetos de estudo da temática determinista:

- Henrique: filho de um fazendeiro importante que se encontra aos cuidados de Miranda até o fim de seus estudos. Cultivará um caso com D.Estela.
- Valentim: filho alforriado de uma escrava por quem D. Estela nutria afeição ilimitada.
- Leonor: negrinha virgem, moradora do cortiço.
- Leandra (Machona): portuguesa feroz, habitante do cortiço.
- Ana das Dores: filha desquitada de Machona.
- Neném: filha virgem de Machona, muito cobiçada.
- Agostinho: filho caçula de Machona que morre num acidente da pedreira.
- Augusta: brasileira branca, honesta, casada com Alexandre e com muitos filhos.
- Alexandre: mulato, militar, dava muito valor ao seu emprego.
- Juju: afilhada de Leónie.
- Leocádia: portuguesa, esposa de Bruno, comete adultério com Henrique.
- Bruno: ferreiro casado com Leocádia.
- Paula (a Bruxa): cabocla velha que exercia função de curandeira. Põe fogo no cortiço duas vezes após enlouquecer, morrendo na segunda tentativa.
- Marciana: mulata velha, com mania de limpeza, mãe de Florinda, que perde o juízo quando a filha foge de casa.
- Florinda: filha virgem de Marciana, que engravida de um dos vendeiros de Romão e foge de casa.
- Dona Isabel: mãe de Pombinha. Seu maior sonho é ver a filha casada.
- Albino: lavadeiro homossexual, morador do cortiço.
- Delporto, Pompeo, Francesco e Andrea: imigrantes italianos que residiam no cortiço. Azevedo foi um dos primeiros a caracterizar literariamente a figura do imigrante italiano no Brasil, mesmo que de forma preconceituosa, retratando-os como carcamanos imundos.
- Porfiro: mulato capoeira amigo de Firmo.
- Libório: velho pão-duro que esmolava entre os outros moradores do Cortiço, mas que possuía uma fortuna escondida, da qual Romão irá se apoderar depois da morte de Libório no segundo incêndio provocado por Bruxa.
- Pataca: cúmplice de Jerônimo no assassinato de Firmo, torna-se um dos aproveitadores de Piedade depois que Jerônimo vai morar com Rita.

A homossexualidade retradada em O Cortiço

No naturalismo brasileiro o homem é visto como produto do meio e biológico. A questão da homossexualidade é tratada como desvio de conduta, anormal, patológico, animalesca. Assim as personagens apresentam desvios. O naturalismo é material, é do corpo não humano. Retratando a realidade de forma objetiva, descrevendo grupos marginalizados.

O autor retrata a vivência e o comportamento da sociedade sobre uma ótica estética, rica em detalhes, com teor denunciativo, rompimento com o romance convencional.

Na época em que foi publicado o romance causava choque aos leitores, por seus temas que mostrava através do ficcional o factual, como por exemplo a homossexualidade de Léonie e Pombinha. Léonie configura-se como a pervertida, que desvia Pombinha do caminho, havendo apelos carnais. O autor descreve as personagens com instinto animal, patente o depreciativo, relações de interesse, sedução, desejo, poder, culminados nos processos deterministas do cientificismo/ evolucionismo.Os furtos, estrupos, homicídios ocorrem sem justificativa.

Léonie - Nos dias atuais poderíamos definir Léonie, como uma mulher forte, autêntica, a frente do seu tempo. Mais por si tratar de um romance naturalista há controvérsia, já que no naturalismo Léonie seria definida como mulher pervertida, impura, aquela que tem que ser banida, pois é um "mal" que assola a sociedade e pode contaminar os que conviverem com ela.

A mulher no naturalismo era tratada como objeto sexual, e tudo sobre os desvios na sexualidade estavam relacionados a fatores internos e externos. O autor caracteriza Léonie como mulher de procedência francesa que possuía um sobrado na cidade, o que demonstrava status. A busca por relação sexual para satisfazer-se:

(...) Os seus lábios pintados de carmim, sua pálpebras tingidas de violeta; o seu cabelo artificialmente loiro. (AZEVEDO, 2009, p.105).

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

PROJETO CONSCIÊNCIA SÓCIOAMBIENTAL O LIXO NUMA ABORDAGEM REFLEXIVA

ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA EXECUTIVA DE EDUCAÇÃO
ESCOLA ESTADUAL PROFESSORA IZAURA ANTONIA DE LISBOA
Rua Antônio Marroquim, S/N – Baixão – Arapiraca / AL.
CNPJ: 06.247.161/0001-6













CONSCIÊNCIA SÓCIOAMBIENTAL
O LIXO NUMA ABORDAGEM REFLEXIVA













Arapiraca/Alagoas
2010
JUSTIFICATIVA



Atualmente, vivemos num ambiente onde a natureza é profundamente agredida por toneladas de matérias-prima, provenientes dos mais diferentes lugares do planeta, são industrializadas e consumidas gerando rejeitos e resíduos, que são comumente chamados lixo. Seria isto lixo mesmo? Em uma concepção moderna, o lixo se caracteriza por uma massa heterogênea de resíduos sólidos, resultante das atividades humanas, os quais podem ser reciclados e parcialmente utilizados, gerando, entre outros benefícios, proteção à saúde pública e economia de energia e recursos naturais. A conscientização ambiental consiste num modo de ver o mundo em que se evidenciam as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida.
Em termos de educação, essa perspectiva contribui para evidenciar a necessidade de um trabalho vinculado aos princípios da dignidade do ser humano, da participação, da co-responsabilidade, da solidariedade e da eqüidade.Nesta perspectiva este projeto foi elaborado com a intenção de transformar o meio ambiente da unidade escolar, buscando pressupostos na nova realidade de ensino, bem como social e educacional. Por dispor de bastante espaço, a escola necessita de organização com a questão de o lixo ser jogado em qualquer lugar sem os devidos cuidados de coleta ou mesmo, qual é o destino desses resíduos.
O Decreto Federal nº 5.940, de 25 de outubro de 2006. Institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências. E o Decreto Estadual Nº 40.645 de 08 de março de 2007 institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública estadual direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis
Sendo assim, a presente proposta visa à conscientização do corpo discente da Escola Estadual Professora Izaura Antônia de Lisboa, localizada na cidade de Arapiraca/AL, da importância de preservar o meio ambiente, cuidando e conservando o lugar onde se vive ou passa a maior parte do tempo e que frequentemente se vê lixo em qualquer lugar, além das ruas que a cerca, pretende-se com isso, divulgar a iniciativa da coleta seletiva e reciclagem de lixo no âmbito de toda a escola e nas comunidades próximas a ela, bem como na cidade.
Ficaremos com o destino, especialmente, do lixo doméstico, como aproveitá-lo, seu condicionamento ao solo através da compostagem e outros mecanismos de coleta, bem como estudos de áreas degradas e preservadas.
Tem como objetivo que os alunos utilizem esses conhecimentos adquiridos por meio da prática da coleta seletiva e da pesquisa, refletindo sobre o problema do lixo urbano e rural no meio ambiente e o que pode ser feito para melhorar a vida na comunidade, bem como a capacidade de compreensão e expressão nas várias situações de necessidade que houver, promovendo no educando habilidades para desenvolver práticas sociais de conscientização na sua comunidade.
















OBJETIVOS

GERAL

• Sensibilizar à comunidade escolar de que o lixo é um problema grave que assola a escola, a cidade e o mundo, especialmente na região mais carente;


ESPECÍFICOS:

• Relacionar os problemas ao lixo doméstico, urbano e rural que podem ser resumidos nos seguintes tópicos: conscientização, políticas públicas, doenças e destino do lixo.

• Trabalhar na prática com atividades que desenvolvam habilidades de conscientização na escola e na comunidade.

• Investigar áreas degradas e preservadas na própria cidade de Arapiraca.














METODOLOGIA



Em busca de uma exploração minuciosa acerca do tema escolhido para esse projeto percorreremos um caminho investigativo que inicialmente se dará pela pesquisa bibliográfica “Seu objetivo é buscar compreender as principais contribuições teóricas existentes sobre um determinado tema-problema ou recorte, considerando as produções existentes” (HORN, 2005, p. 73)
Para a execução desse projeto, serão realizados ainda a pesquisa de campo

A principal finalidade deste tipo de pesquisa é recolher, registrar, ordenar e comparar dados coletados em campo (com uso de instrumentos específicos de acordo com os objetivos do assunto escolhido como objeto de estudo. [...] Consiste na observação de fatos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados e no registro de variáveis presumidamente relevantes para ulteriores análises (RUIZ, 1982. p. 50)


A principal finalidade das pesquisas realizadas é possibilitar aos estudantes da Escola Estadual Professora Izaura Antônia de Lisboa a possibilidade de mudança de postura frente às questões ambientais. Desse modo, pretende-se que sejam produzidos vídeos de ambientes poluídos antes (ÁREAS DEGRADADAS), durante a realização das atividades e depois da conclusão dos trabalhos, pesquisas e estudos desenvolvidos nesse contexto da conscientização do problema do lixo (ÁREAS PRESERVADAS). Serão adquiridos três tipos de lixeiras: verde (para lixo reciclável), cinza (para lixo não reciclável) e marrom (para lixo orgânico). Essas lixeiras serão distribuídas em pontos estratégicos do escola (locais de maior circulação de alunos, professores e servidores). O lixo coletado será recolhido pelas cooperativas de coleta de lixo cadastradas, periodicamente, de acordo com a necessidade. Paralelamente, serão produzidos panfletos e cartazes explicativos dos procedimentos de coleta seletiva de lixo e reciclagem que serão distribuídos na própria escola. Serão criados pontos de coleta de pláticos, pilhas e baterias na Secretaria e Diretoria da escola. As pilhas e baterias coletadas serão encaminhadas para uma empresa responsável que possua um projeto de direcionamento desses resíduos tóxicos.
Além disso, palestras educativas serão ministradas para maiores esclarecimentos sobre o assunto. Bem como atividades educativas sobre as doenças e prevenções decorrentes do lixo. No decorrer dessas atividades será feito visitas a outras escolas, empresas no sentido de conscientizar a questão dos vários tipos de lixo e ou poluição que se tem e dever ser tomados alguns cuidados no sentido de educar a população para um ambiente cada vez melhor.
Nos meses finais do projeto, será realizada uma pesquisa de opinião através da qual se questionará alunos e servidores da escola sobre a efetividade e abrangência do mesmo, bem como apresentações das atividades desenvolvidas através de vídeos, painéis de pesquisa sobre a quantidade de lixo produzido a nível de escola e cidade, artigos de opinião, poemas, paródias, textos publicados e selecionados como incentivo de desenvolvimento de ponto de vista dos alunos, trabalhos de reciclagem.



















AVALIAÇÃO

A avaliação será realizada de forma qualitativa, na verificação dos procedimentos e resultados descritos pelos alunos nas próprias atividades.




























CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

Atividade / Período JUL AGO SET OUT NOV DEZ
1- Reuniões para sensibilizar os docentes para a necessidade de desenvolver o projeto na escola.
2- Reunião com os funcionários da escola visando sensibilizá-los para a necessidade de participação no projeto.
3- Reuniões de professores por área de conhecimento x
3- Levantamento bibliográfico (os professores) x
4- Apresentação da proposta do projeto pensada pelos docentes aos estudantes do Ensino fundamental e médio, convidando os alunos a participarem, desafiando-os com a missão do projeto.
X x
5- Elaboração dos sub-projetos com os alunos.
6- Apresentação do Projeto para os diversos segmentos da comunidade escolar
7- - Indicação de fontes de pesquisas tais como: livros, revistas e sites relevantes para a pesquisa na área.
8-- Produção do material de
divulgação da coleta seletiva para a escola
compra das lixeiras. x
9- - Contato com as empresas de coleta de material x
10-Estudo das áreas degradadas e preservadas . prof. Geoane (geografia) & Quiteria(português) 2º s e 3ºs anos/ensino médio com a pesquisa teórica. x x x
11- Alocação das lixeiras no espaço escolar distribuição do material de divulgação e palestras de esclarecimento da coleta no âmbito da escola x
12-Palestras (promovida pelo professor Genivaldo nas turmas de ensino médio sobre um dos problemas: a dengue) x
13-produção do material de
divulgação da coleta seletiva para ambientes fora da escola e pesquisa para coleta de dados profª Vera (matemática) 2ºs anos/ensino médio
x x x
14-Distribuição do material de
divulgação e palestras de esclarecimento da coleta fora (escolas e empresas) x x
15- sobre hábitos de higiene PROFESSORA TELMA LIRA
1 Levantamento do lixo produzido na escola.
2 De que é feito o lixo que produzimos em nossa escola?
3 Qual o destino do lixo que produzimos em nossa escola?
4 O que é feito com lixo que produzimos na escola?
5 Palestra / Outubro.
profª Telma(geografia) e Edla: ensino fundamental 6º, 7º ,8º, e 9º anos
x
16- sobre os hábitos de reciclagem dos descartáveis no
ambiente familiar e escolar
profª Penha (história)
Reações químicas com a profª
Vanessa (química) :
turmas : 1ºs anos/ensino médio x
17 Trabalhar as doenças transmitidas pela água e pelo solo contaminado, trabalhando com levantamento de dados sobre o município de Arapiraca e enfocando os procedimentos higiênicos para evitá-las. (3ºs anos/ensino médio matutino e vespertino – Profª Bio Viviane)
Pesquisar a importância de estações de tratamento de água e de esgoto na cidade ou Estado e o procedimento adequado da população na ausência destes. (2ºs anos/ ensino médio matutino e vespertino – Profª Bio Viviane) x x x
17-Pesquisa de opinião sobre a efetividade do projeto na escola:
Prfª : Quitéria (2º A,B e C ”VESPERTINO” e 3º A e B “MATUTINO E VESPERTNO”);
• TEXTOS
• PRODUÇÕES TEXTUAIS:
• Artigo de opinião
• Artigo visual x x
18- apresentação dos trabalhos finais.
• Avaliações dos trabalhos
• Escolha do/s melhore/s artigos ( opinião /visual) para publicação no site (a escolher)
x
19- Preparação do relatório final do
Projeto.
x

















REFERÊNCIAS



Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/d5940.htm. Acesso em 19/07/2010.

Disponível em: https://www.lixo.com.br. Acesso em 12/08/10


HORN, Geraldo Balduino. Metodologia da pesquisa. Curitiba: IESD, 2005.

RUIZ, J.A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos: São Paulo: Atlas, 1982.

SARIEGO, José Carlos. Educação Ambiental: as ameaças ao planeta azul. São Paulo: Scipione, 2002.



















RECURSOS
Materiais:
• CAMERAS
• FILMADORA
• LIXEIRAS
• COMPUTADORES
• INTERNET
• IMPRESSORAS
• PAPEL
• CANETAS
• LAPIS
• PINCÉIS
• PILOTO

Humanos:
• DIREÇÃO
• COORDENAÇÃO
• PROFESSORES
• ALUNOS
• E OS DEMAIS Q COMPÕEM A ESCOLA
Financeiros
Nº Item Quantidade R$



ANEXOS


ESCOLA IZAURA ANTONIA DE LISBOA
PROJETO MEIO AMBIENTE
SUBPROJETO: AS ÁREAS DEGRADADAS E PRESERVADAS EM ARAPIRACA – DOCUMENTÁRIO CRÍTICO E ANALÍTICO.
PROFESSOR ORIENTADOR: GEOVANE
TURMAS ENVOLVIDAS: 3º ANO MÉDIO MATUTINO E VESPERTINO
OBJETIVO GERAL: Demonstrar através de imagens a realidade de um ambiente preservado em contraposição a um ambiente degradado na localidade em que vivemos, como forma de gerar uma consciência de preservação para uma melhor qualidade de vida.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Fazer um levantamento das áreas com impactos ambientais em Arapiraca, a exemplo de lixo urbano, esgotos, poluição visual e sonora, desmatamento e poluição atmosférica.
Debater em sala de aula sobre a problemática dos impactos ambientais em nível nacional, associando aos problemas inerentes a realidade local.
Verificar as áreas urbanas com preservação ambiental como: ruas arborizadas, artérias com saneamento básico, áreas verdes, praças com intenso trabalho de jardinagem, além de ambientes com vegetação natural na zona rural.
Realizar pesquisa de campo junto a comunidade através de entrevistas para entender qual a posição da sociedade acerca das áreas degradadas e preservadas.

METODOLOGIA:
Trabalhar os conteúdos relativos ao Meio Ambiente nas turmas do 3º ano Médio;
Dividir as salas de aula em grupos temáticos: Lixo urbano, Esgotos, Poluição Visual, Poluição Sonora e Poluição Atmosférica (Áreas degradadas); Áreas Verdes, Ruas Arborizadas, Saneamento Básico, Praças preservadas, Áreas de vegetação nativa ( Áreas preservadas)
Direcionar as equipes para pesquisa bibliográfica e na internet sobre os temas de cada uma, além de pesquisas junto aos órgãos públicos.
Elaborar questionários de pesquisa de campo para entrevistar moradores de áreas preservadas e degradadas.
Tabular os resultados obtidos na pesquisa de campo, elaborando gráficos para análise dos mesmos e posterior apresentação no auditório.
Realizar filmagem das áreas degradadas e preservadas em forma de documentário, com edição baseada em programas jornalísticos.
Apresentar o documentário para as turmas envolvidas e demais turmas da escola como forma de conscientizar para a necessidade de preservar o ambiente em que vivemos.
O documentário sobre Poluição visual e sonora, bem como os gráficos obtidos na pesquisa de campo será apresentado também para as turmas dos 1ºs anos junto a disciplina Língua Portuguesa em parceria com a Profª Eliane.


O documentário Lixo Urbano, bem como os gráficos relativos ao tema serão apresentados aos alunos do 8º e 9º anos em parceria com a disciplina Língua Portuguesa, através da Profª Élvia.

CRONOGRAMA: Meses Atividades
Agosto Socialização e divisão das equipes
Setembro Pesquisa de campo com entrevistas
Outubro Filmagens e edição do material coletado
Novembro Análise dos resultados
Dezembro Apresentações